Protesto, protesto, protesto!
Protesto: Chega
Há quem apele ao Chega para que se modere, para que se reforme. Do Chega não espero nada. Aliás, se há algo de notável nesse partido é a sua consistência. O Chega não perde uma hipótese de se mostrar como o pior que o sistema tem, com o seu conjunto de oportunistas, hipócritas, e condenados por mentir, roubar, e por violência doméstica. Basta ir ao fantástico site https://portuguesesdebem.pt, que remete para notícias de órgãos de comunicação sérios, para comprovar o que escrevo.
Há um ano, 16 mil açorianos elegeram Miguel Arruda para a Assembleia da República. Ficará para a história como um dos piores parlamentares de que há memória — não tanto por alegadas trafulhices, mas pelos discursos terríveis que lá proferiu e pela sua conduta abjeta nas redes sociais, onde fez a defesa do criminoso Mário Machado, que apelou à “prostituição forçada das gajas do Bloco”.
Há poucos meses, um dos deputados regionais do Chega foi apanhado em operação STOP com 2,25 g/l de álcool no sangue, praticamente o dobro da taxa a partir da qual é considerado crime. No mês passado, foi noticiado que militantes do Chega/Açores apresentaram queixa por alegada burla por uma funcionária do partido a propósito de um jantar de campanha na associação agrícola.
Depois disto tudo, domingo, o Chega cresceu nos Açores, tendo recebido 23 mil votos. É indescritível, vergonhoso e sintomático de uma democracia podre.
Protesto: PSD
É terrível que o País não tenha corrido com um primeiro-ministro avençado; nem com um partido que mandou os seus princípios para o lixo e repetiu até à náusea que a causa das eleições não foi outra senão o bom desempenho do governo, num ato inacreditável de imbecilidade coletiva. Montenegro evitou dar explicações ao ponto de provocar eleições, e fê-lo por via do lamentável golpe de teatro que foi a moção de confiança. Devia ter-se demitido prontamente, e o PSD arranjado um sucessor — não eram necessárias eleições.
Esteve bem o PCP ao apresentar uma moção de censura: avençados não têm condições de liderar o País. O PS, pondo a tática à frente dos princípios, absteve-se. O facto é que, numa democracia decente, Montenegro tinha de cair. Um PSD que se preze ter-lhe-ia retirado a confiança política e teria apresentado uma alternativa. E um bom presidente da república teria feito pressão nesse sentido.
Nem a marcação de eleições levou o PSD a apresentar alguém melhor. Assim, tínhamos nós, eleitores, a obrigação de castigar este descaramento. Deve envergonhar-nos, enquanto País, não o termos feito.
Protesto: sociedade civil
O exercício do voto não encerra as nossas responsabilidades sociais. Toda a gente adulta e capaz tem o dever de contribuir ativamente para uma comunidade melhor.
É demasiado fácil refugiarmo-nos em críticas superficiais—que “os políticos são todos iguais” ou que “são políticos de carreira”. Mas pergunto: onde estão os cidadãos que permanecem vigilantes ao que acontece à sua volta e se dispõem a intervir?
Basta desta sociedade acomodada e fútil. Chega de partidos reles.
É tempo de deixarmos de contemplar os nossos próprios umbigos. O trabalho é abundante e urgente! Construamos rapidamente uma democracia vibrante: as eleições autárquicas aproximam-se e exigem uma mudança radical!
PS: Pedro Gomes, aparentemente preocupado com o PS/Açores, quer que Francisco César coloque o lugar à disposição, por ter perdido 7 mil votos (espelhando os resultados nacionais). Tendo a coligação do governo regional perdido mais de 5 mil votos — em claro contraciclo com a AD — pergunto-lhe, por coerência: que cabeça sugere que role?